segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

searchingforintimacy



Derek Sheperd. Não que ele seja o meu exemplo de homem, longe disso. Ele é tudo que eu abomino em um ser humano do sexo oposto. Ele é carente, coisa que sempre detestei, desde os primórdios. Ele é cômodo, daqueles que se contenta com alguém do lado, não importa quem. Ele é folgado e individualista: só pensa na própria felicidade, sem incluir terceiros ou quartos, que inevitavelmente, sempre estão envolvidos.

Mas, como toda pessoa nesse mundo - sim, todas, sem exceção, e nunca poderemos negar esse fato -, ele tem algo de bom. Tá, ele é um excelente neurocirurgião. Mas não estou aqui para mencionar qualidades profissionais, e sim pessoais. A principal é o falar com os olhos. Quem assiste Grey's Anatomy e é atento aos detalhes, deve concordar comigo. Ele consegue passar todo e qualquer tipo de sentimento pelo olhar. Raiva, amor, rancor, carinho, preocupação... é lindo de ver, imagine só ter esse olhar.

Até lembrei de uma frase do livro As Meninas, da Lygia Fagundes Telles, que eu tanto adoro e tanto concordo e tanto prezo pra que um dia se realize: "Em verdade vos digo que chegará o dia em que a nudez dos olhos será mais excitante do que a do sexo."

Mas não era bem sobre isso que eu queria comentar.

No final da quarta temporada, mais precisamente na primeira parte do episódio Freedom (esse meu vício por Grey's Anatomy passa dos limites, eu sei), Derek e Meredith - casal principal da trama - estão conversando sobre sexo. Na verdade, eles estão escondendo dois pacientes adolescentes que resolveram transar pela primeira vez antes de uma cirurgia importante que pode custar a vida dos dois. E ao falar sobre o assunto, ele menciona que não gosta do 'novo'. "I've never been a fan of new. I like to know the person, their bodies... what makes them moan." Bem, deixe-me explicar. O 'novo' seria aquela primeira vez. Aquele mistério de um corpo desconhecido. Aquela incógnita, de não saber onde tocar, ou o que fazer pra pessoa ter prazer do jeito que ela gosta.

Eu concordo muito com o que ele diz nesse momento. O novo é tão sem graça! Há quem creia que o mistério é excitante; e até certo ponto, é sim. Mas, eventualmente, me cansa. "O mistério me entedia. Dá trabalho." (A menina que roubava livros - por Markus Zusak). No que posso trabalhar com o que eu não sei?! No que posso maquinar com o espaço em branco?! No que posso pensar e criticar com um ponto de interrogação?! Nada!

Não tenho paciência para resolver linhas vazias. Mas analisar fatos, examinar o concreto, o que é de fato visível e palpável... isso sim, é extremamente excitante! Saber exatamente onde tocar. Saber perfeitamente qual o local que faz a pessoa gemer. Saber fielmente o ponto G e poder satisfazer de uma maneira que só quem conhece muito bem o objeto, pode proporcionar.

Não estou falando especificamente de sexo, veja bem. Estou falando de intimidade, seja ela qual for. A intimidade está em todos os lugares. Na menor possível - que pode ser o diálogo desconfortável sobre um documento errado com o funcionário da baia ao lado -, ou da maior - o sexo diário com seu namorado/marido/caso. Intimidade não se compra, não se implora e muito menos aparece gratuitamente. Intimidade se conquista.

E essa conquista é deliciosamente excitante.

3 comentários:

Unknown disse...

Olha, não entendo nada de seriado, mas entendo da Lyginha. Ela é a poesia em pessoa. Não quero que ela morra!rs

Natália Arduino disse...

Tá... eu até concordo com tudo isso...pq é ótimo ter intimidade, saber do que a pessoa gosta e fazer as coisas para agradá-la...surpreendê-la com a certeza de que vai recerber um sorriso sincero de felicidade. Mas o mistério é mto instigante. Eu adoro tentar decifrar alguém e isso me fascina! Olhar nos olhos de uma pessoa e tentar saber o que ela está pensando, do que ela gosta...eu curto isso também. Acho que numa relação, qualquer que seja, deve haver os dois lados... a intimidade que dá segurança para as ações conjuntas e o mistério que mantém o fascínio, que hipnotiza!

Rita disse...

Eu sempre admirei essa coisa de "falar com o olhar" que a intimidade traz consigo. Sempre fui fascinada por pessoas que se deixam ler através do olhar...

Mas, talvez, esse seja um dos meus defeitos adquiridos nos últimos anos: dizer as coisas com o olhar. É, paradoxalmente, eu admiro algo que, em mim, considero um defeito.

Um dia, quem sabe, eu veja isso como qualidade...

beijo!