quarta-feira, 24 de março de 2010

r-e-s-p-e-c-t




Eu realmente não queria entrar nesse assunto aqui no blog. Mas a polêmica está grande; e lembrando de algumas situações pessoais, sou obrigada e externar meu ponto de vista.

BBB. Dourado contra homossexuais. Gays contra Dourado.
Não assisto loucamente ao programa. Não sei de todos os detalhes, de todos os momentos ou de todas as palavras ditas dentro da casa. Conheço o que existe nas manchetes dos jornais, sites e revistas. E o que acontece é o seguinte: um é acusado de homofobia e outro faz escândalo e chora por ser injustiçado.

Acho super bacana a iniciativa da Globo de colocar três homossexuais assumidos no programa de sua maior audiência. Acho sim, que eles ainda precisam de mais respeito e espaço na sociedade. Respeito é bom e todo mundo gosta, não é? E eu vou direto ao ponto, pois é bem aí nessa palavra que eu quero chegar. Respeito.

E pra falar sobre isso, quero citar dois momentos que aconteceram na minha vida recentemente. Quem me conhece sabe que minha pele é cor branca européia. Mas branca mesmo; do nível colocar saia e todos na praia de Capacabana ficarem olhando. Já tive momentos em que pensei que alguém fosse virar pra mim e dizer: "Welcome to Brazil!". Sério, não estou exagerando. Há alguns meses, fui fazer um exame, e a doida da médica olhou pra minha cara espantadíssima perguntando se eu era "dessa cor mesmo". Ainda teve a audácia de questionar se eu tinha usado base. E eu, com a maior cara de cu do mundo, respondi que sim, passei base às seis da manhã (já eram seis da tarde). Outra situação engraçada: estava em férias em Vitória, no Espírito Santo. Eu e uns amigos fomos fazer um passeio de escuna, e paramos pra mergulhar. Eu estava lá, paradinha, curtindo um sol e a paisagem, quando o instrutor vira pra mim e na maior cara de pau, me pergunta: "você não vai mergulhar por que? Por que é branca?".

Oi? Deixar de mergulhar porque sou branca? E eu lá pergunto pra preto se ele vai deixar de brincar na neve porque é negro? Agora imagine essas duas situações contrárias. Se fosse eu, perguntando para um negro, se ele é dessa cor mesmo. Porra. No mínimo (no mínimo, hein) eu seria xingada de tudo quanto é nome. Em casos mais sérios, poderia ser linchada e presa por racismo. É como o caso daquela camiseta clichê onde tem escrito 100% negro. Imagina um branco usando uma dessa. O que aconteceria?

Pois então. Dicesar, uma das figuras homossexuais do BBB, já soltou que tem nojo até de encostar em Dourado. Agora vamos inverter a situação. Qual seria a reação do público nacional sobre Dourado ter nojo de Dicesar? Um lutador ter nojo de um homossexual? Mil pedras na mão, acusações, xingamentos, porrada na rua, e assim vai...

Eu entendo - completamente! - o espaço e o respeito que os gays e lésbicas exigem e tem direito na sociedade. Eles batalharam muito pra chegar onde chegaram, e ainda tem muita estrada pra percorrer, pois infelizmente o preconceito ainda existe e é absurdo o nível em que o racismo pode chegar. Mas será que antes de pedirem tal respeito, eles não deveriam fazer o mesmo? Eles batalham tanto pela igualdade dos seres humanos, e estão corretíssimos. Mas será que usar preconceito alheio como forma de ofensa ao ofensor não é tão desrespeitoso quanto um homofóbico batendo em um gay no meio da rua?

Eles - e não tô falando só dos gays, estou falando das vítimas de preconceito em geral: sejam gays, negros, brancos ou índios - chegaram num ponto onde usam sua vulnerabilidade de vítima como arma pra atingir os ofensores. Sendo que a arma mais poderosa pra combater isso é o próprio respeito.

É dando respeito que a gente recebe respeito.

R-e-s-p-e-c-t, find out what it means to me.
Porque eu não estou achando o real significado disso aqui no Brasil.