segunda-feira, 27 de julho de 2009

don'tstoptillyougetenough


Se me perguntarem, eu diria que a minha paixão por música começou com eles. Os Corrs.

Claro, eu cresci ouvindo todo e qualquer tipo de música. Me lembro de ter uns dois ou três anos e pular e dançar cada vez que meu pai colocava pra tocar no último volume Carro Velho, dos Paralamas do Sucesso (do disco "Os Grãos", de 1991). Me lembro de sempre ficar emocionada cada vez que ele colocava pra tocar My Girl com os Temptations. Não esqueço das intermináveis músicas dos Beatles e suas batidas que não saíam da minha cabeça. Eu tinha meus discos - sim, pode não parecer, mas sou da época do vinil - e eu mesma os colocava na vitrola e ficava cantando e dançando o dia inteiro.


Aqui em casa sempre teve de tudo. Minha educação musical não deixou a desejar em nenhum momento. De Chico Buarque à Titãs, de Beatles à The Mamas and the Papas, de Frank Sinatra à Burt Bacharach, de Roberto Carlos à Maria Bethania, de Beach Boys à Rolling Stones. Tudo que você imaginar musicalmente, passou e ainda passa nessa casa. Mas o meu amor pela música - além de nunca ter passado um dia sem ouvir ao menos uma canção desde que nasci (vide ao lado foto minha bebê com fones de ouvido) - começou a bater forte quando conheci os Corrs. Já deve fazer uns dez anos, quando o acústico Mtv deles estava passando e eu vi aquela banda charmosa. Harmonias lindas, com violino e uma flautinha que na época nem sabia o que era ainda. Uma voz foda. Tudo em perfeita combinação. E de cd em cd, fui me apaixonando e não larguei mais. Até hoje, eu ouço todo o trabalho deles, sem enjoar. Meu primeiro dvd - presente de papito - foi o Live at Royal Albert Hall. Na época, ele não era vendido no Brasil ainda, ele comprou na Ferrs de Santos, litoral de Sp, pagou um absurdo.


Depois de alguns anos, me joguei na música brasileira. Fui conhecendo a mpb atual e me apaixonando cada vez mais por novas vozes, mergulhando em shows escondidos por Sampa. Descobri a Lapa do Rio de Janeiro e seus inúmeros shows e batuques. Descobri o samba no pé e prazer do som de uma cuíca. Tanto é que embaixo da minha cama, reside uma pequena cuíca que ganhei em algum Natal perdido por aí... haha! No meu quarto vc encontra um violão encostado na parede, uma tin whistle na prateleira, a cuíca escondida e um teclado no armário. Minha maior frustração é ter parado de estudar música quando criança. Mas enfim...

Hoje o que me dá mais prazer é descobrir antigos sons. Tenho caçado muita coisa. Essas últimas semanas, por exemplo, tenho ouvido os discos da década de 60 do Roberto Carlos. Mas também muito Ray Charles, Nina Simone, Otis Redding, Solomon Burke... tanta coisa boa pra escutar que às vezes me revolta não ter tempo pra fazer e descobrir tudo o que tenho vontade.

Meu maior prazer é isso. Ouvir, caçar, descobrir novos sons, novas melodias, novos instrumentos, novas vozes... novas vidas.

domingo, 19 de julho de 2009

nocolorsmellorsense

"Às vezes a lembrança não é fiel à felicidade quando o fim foi doloroso. Será porque a felicidade só vale quando permanece para sempre? Será porque só pode terminar dolorosamente o que foi doloroso de modo inconsciente e invisível? Mas o que é uma dor inconsciente e invisível?"


(Bernhard Schlink - O Leitor.)


Eu não sei. Não creio que a felicidade só vale quando permanece pra sempre, definitivamente. Não quando elas começam correta e justamente, ao menos. Agora esse lance de terminar dolorosamente o que foi doloroso de modo inconsciente e invisível, eu creio. Esse lance todo de que tudo termina mal porque começou mal é tão certo que dá até um certo arrepio falar sobre o assunto. Se for parar pra pensar, TUDO é assim. E aí vem a dor no final do que na real SEMPRE foi dolorido. Era como se eu soubesse que aquela tal felicidade tivesse data de validade. Simplesmente porque era uma felicidade injusta. Era uma felicidade incorreta. Mas a cegueira de sei lá, uma paixão? um vício? uma obsessão? um episódio somente?, simplesmente bloqueia todo e qualquer resquício de razão que a gente acha que tem em algum lugar dentro da gente. O bom disso tudo é a lição no final do dia, do mês, do ano, da vida. Mas até quando? O que é uma dor insconsciente e invisível? Como é possível deixar de perceber uma dor?