segunda-feira, 19 de julho de 2010

omeiodaschegadasepartidas

"o que te excita mais? a saudade da chegada ou a espera da partida?"

e parando pra pensar - não muito arduamente, confesso - nisso, cheguei à chula conclusão que não importa qual excite mais; eu quero mais é sentir os dois picos. acaba numa roda, não é? se tu te excita com a espera da partida, certo que te excitarás também com a saudade da chegada. se tu não consegues sentir ambos, creio eu que tu não és humano suficiente pra saber o que é sentir falta de um pedaço que é teu e que te foi tirado de forma brusca. pedaço esse de vida que é impossível não viver: a perda.

aí eu me encontro num clichê barato, quase como uma bugiganga da 25 de março: cada escolha é uma renúncia. e se tu estás à espera da partida, certamente estás deixando algo para trás. algo esse que reencontrarás momentos depois de sentires saudade da chegada.

redundância, como eu disse. a roda.
círculo vicioso. pegarás na mão de um, que pega noutra, que segura em mais uma, que se amarra na próxima; até nunca mais chegar o fim.

eu só sei que entre estes dois picos, eu só quero é deixar de sentir fome pela liberdade e o prazer de uma excitação maior que a questionada. eu só quero esquecer da existência de relógios e aparelhos telefônicos. eu quero mais é ser engolida por um momento.

sem racionalizar chegadas ou partidas.
pois estas são as mais insignificantes.

Um comentário:

Paula Coelho disse...

o excitante é esse meio termo, é o que pode ser feito e sentido entre a chegada e a partida. São esses momentos que fazem a saudade e a ansiedade terem sentido.
Adorei o texto...